terça-feira, 5 de abril de 2011

Ciclovias e a cidade para pessoas

Para conseguir me agüentar, costumo fazer passeios ou exercícios onde eu possa espairecer. Outro dia sai andar de bicicleta e, em vez de me distrair, acabei piorando meu humor. Quase fui atropelado na Avenida Rio Branco por um carro que virou sem dar seta e, dois minutos depois, tive um pneu furado num buraco na ciclovia da Av. dos Italianos. Enquanto empurrava raivosamente a magrela para casa, fui pensando: a cidade é pensada para os carros, só anda de bicicleta quem ainda não pode comprar o seu ( se você nunca ouviu falar em american way of life e acha que estou exagerando, clique aqui). Em pouquíssimas ruas há um espaço próprio para bicicletas e, nas que há, está mal cuidado. Mas nem todo lugar é assim.

  Buenos Aires, Curitiba, Amsterdam, Indaiatuba, Florianópolis, Rio de Janeiro, em todos esses lugares, crianças, jovens e até idosos usam bicicletas para passear, irem ao trabalho, à padaria, ao supermercado ( se você acha que estou dizendo bobagem, clique aqui). Paris tem quase 400km de ciclovias, Londres tem mais de 700km; nestas duas cidades há grandes eixos (ligando pontos importantes da cidade) com espaços previstos para as bicicletas. Há, ainda, um sistema público onde bicicletas são alugadas para que as pessoas percorram o centro de modo agradável e rápido sem gerar volume no tráfego (para entender melhor como funciona, clique aqui)

Em cidades mais bem informadas, o poder público incentiva fortemente o uso de bicicleta com o objetivo de melhorar a circulação urbana( isto é: diminuir o trânsito problemático, os congestionamentos), de diminuir taxas de poluição e de melhorar a qualidade de vida de pessoas. A bicicleta, como alternativa para pequenos deslocamentos ( até 8km), é vista como uma atitude característica de modos de vida mais saudáveis e sustentáveis.

Tudo bem que todas as cidades que citei são metrópoles, mas por que nossa provinciana Itapira não pode ter mais espaços para as bicicletas? Por que não repensar a cidade com uma perspectiva um pouco menos estreita, mais atenta às pessoas e menos aos carros, mais atenta ao paradigma do “trânsito problemático”, do aquecimento global?


Av. Gov. Mário Covas( Istor Luppi). As pessoas trafegam no canto da rua.

Redesenho da Av Gov. Mario Covas ( Bairro Istor Luppi) com ciclovia.

Av. Ari W. Cremasco hoje( próxima à Rodoviária)

Av. Ari Wilson Cremasco ( próxima à Rodoviária)


Olhares mais atentos já perceberam que ciclovias não estão dispersas aleatoriamente, mas geralmente ligam avenidas importantes, criando eixos de circulação. Além disso, a ciclovia faz parte de um projeto mais amplo de reconfiguração de espaços urbanos, que visa criar vias que valorizem o pedestre e veículos não motorizados( bicicletas, skates, patins, patinetes, cadeira de rodas), por isso a importância da arborização, das calçadas mais generosas e da sinalização própria.

Não é de todo insensato pensar a possibilidade de um grande eixo ligando a Av. Mário Covas( Istor Luppi) — Av. dos Italianos — Av. Ari Wilson Breda — Prof. Fenizio Marquini. E ainda um eixo ligando Av. Lions Clube(Sta. Marta) – Av. David moro Filho( Sta. Bárbara). Mas meu humor já melhorou, meu gás acabou e isso dá pano para um próximo post.

Um comentário:

  1. Muito boa a percepção. Muito legal os projetos tambem, Acho a bicileta um excelente meio de locomoção(já usei por muito tempo), tambem concordo que as cidades são desenvolvidas para os carros, mas o que não dá pra fugir é que a maioria das cidades, senão todas são cidades planas, Itapira tem muito declives.
    Isso acho que dificulta um pouco mais o uso de bicicletas em nossa cidade.
    Tambem acho legal o fato de misturarmos o uso de dois meios de transporte tipo bicicleta e metrô.

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